As exportações do agronegócio brasileiro totalizaram US$ 15,6 bilhões em março de 2025, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor representa um aumento de 39,2% em relação ao mês anterior e 12,5% a mais na comparação com março de 2024. Os principais destaques foram soja, carnes, café e milho, que puxaram o desempenho positivo, com volumes recordes em alguns casos para o primeiro trimestre do ano.

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Com o avanço da colheita, os embarques de soja mais que dobraram em março frente a fevereiro, alcançando 14,7 milhões de toneladas, volume 17% superior ao de março de 2024. Foi o maior patamar da história para o período. Apesar disso, os preços recuaram 8,2% na mesma comparação, fechando em US$ 397,7 por tonelada.
Entre os derivados, o óleo de soja registrou aumento de 53% no volume exportado em relação ao ano passado, somando 204,2 mil toneladas, vendidas a US$ 1.009,2/t, alta de 14%.
O farelo também teve desempenho expressivo: foram 1,98 milhão de toneladas embarcadas, 15% acima de março de 2024, mesmo com retração de 20% nos preços, que ficaram em US$ 358,5/t.
Meats
No setor de carnes, a bovina in natura teve crescimento de 30% no volume exportado em relação ao mesmo mês do ano passado, totalizando 215,4 mil toneladas. Os embarques também superaram em 13% os de fevereiro. A tonelada foi negociada a US$ 4.898,9, 8,2% acima do valor registrado em março de 2024.
A carne de frango in natura manteve desempenho positivo, com crescimento de 3% no volume exportado (408,8 mil toneladas) e preços 6,5% maiores na comparação anual, a US$ 1.889/t.
Já a carne suína in natura bateu recorde histórico para março, com 102,7 mil toneladas exportadas, alta de 30% frente ao ano anterior.
A demanda asiática foi determinante, respondendo por 66% dos embarques. O preço médio foi de US$ 2.518,5/t, aumento de 11% em relação a março de 2024.
Eggs
Os embarques de ovos cresceram 96% na comparação anual, impulsionados pela demanda dos Estados Unidos, que responderam por 54% das 2 mil toneladas exportadas em março — praticamente o total adquirido pelo país em todo o ano passado. No trimestre, as exportações somam 8,5 mil toneladas, com preço médio de US$ 2.035,8/t, alta de 14,3%, no melhor desempenho desde 2012. Ainda assim, a participação dos ovos nas exportações totais do agro brasileiro permanece reduzida.

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Em 2024, o Brasil exportou 18,1 mil toneladas de ovos, queda de 26% frente a 2023. O Chile foi o principal destino, com 37% do total, seguido por Emirados Árabes (13%) e Estados Unidos (12%).
Corn
O milho teve crescimento expressivo de 104% frente a março de 2024, com 870,7 mil toneladas embarcadas a um preço médio de US$ 238/t, alta de 3,8% no comparativo anual e 5,6% ante fevereiro.
Coffee
O café também registrou bons resultados. Foram exportadas 219,1 mil toneladas em março, 5% acima do volume do ano anterior. Os preços dispararam: aumento de 83,2% frente a março de 2024 e de 8,4% na comparação com fevereiro, atingindo US$ 6.501,6 por tonelada. No acumulado do trimestre, os embarques somam 636,6 mil toneladas, recuo de 2% frente ao mesmo período do ano passado.
Setor sucroenergético
No setor setor sucroenergéticosucroenergético, o etanol foi destaque positivo, com aumento de 20% no volume exportado (259,2 mil m³) e valorização de 9,8%, a US$ 580,4/m³. Já o açúcar VHP teve retração de 32% nos embarques, que somaram 1,5 milhão de toneladas, negociadas a US$ 464,4/t, queda de 8%. O açúcar refinado
também registrou baixa, com 332 mil toneladas exportadas, recuo de 25%, a US$ 513,3/t, 14% abaixo de março de 2024.
Relação com os Estados Unidos
Os Estados Unidos são o segundo principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. Em 2024, o Brasil exportou mais de US$ 40,3 bilhões para os americanos, sendo US$ 12 bilhões em produtos do agronegócio — 30% do total.
As exportações agrícolas para os EUA cresceram 73% nos últimos 10 anos, ritmo superior ao de outros setores, que avançaram 41,3%. Os principais itens exportados ao país em 2024 foram produtos florestais (31%), café (17%), carnes (12%), sucos (10%) e produtos do complexo sucroenergético (6,6%).
Apesar da recente implementação de tarifas pelos EUA, os impactos imediatos sobre o agro brasileiro ainda são incertos. Enquanto alguns setores podem ser afetados, outros podem se beneficiar. No caso da soja, por exemplo, as restrições comerciais entre Estados Unidos e China tornam o Brasil um fornecedor mais competitivo para o mercado chinês.
Contudo, o futuro dependerá da evolução das tensões geopolíticas e de possíveis acordos entre Estados Unidos, China e União Europeia, que podem influenciar o ritmo da economia global e, por consequência, o desempenho das exportações brasileiras.