A defasagem nos preços pagos aos produtores está impactando a atividade no presente e trazendo mudanças no futuro na produção de cana-de-açúcar em Quirinópolis, Goiás. Esse é o ponto central de um estudo encomendado pela ADEAGRO (Associação dos Defensores do Agro) sobre a previsão econômica da atividade agrícola na região após os problemas decorrentes da defasagem de preços praticados nas últimas safras.

O relatório tem como objetivo avaliar a rentabilidade histórica de fornecedores de cana-de-açúcar da região de Quirinópolis e comparar esses índices em diferentes cenários de produtividade, preço pago pelo ATR (Açúcar Total Recuperável) e cultivos alternativos, como soja e milho. Para isso, foram utilizadas informações públicas e dados fornecidos pela Adeagro. O estudo também analisou diferentes cenários de produtividade para produtores e contratantes de Goiás, além de ilustrar o histórico de produção e o panorama atual de culturas alternativas.
“Este estudo foi uma das primeiras ações da ADEAGRO para ampliar o acesso à informação aos produtores de cana de Quirinópolis, trazendo dados e análises importantes sobre a realidade da atividade na região e as perspectivas futuras. Esses dados estão à disposição de nossos associados e são essenciais para a tomada de decisão nas próximas safras”, afirma Elizabeth Alves, presidente da associação.
Posicionamento nacional e líder de produtividade
Na primeira parte divulgada do levantamento, as informações se concentraram em analisar o macrocenário da cultura agrícola. Dados mostram que a área plantada no Brasil se manteve relativamente estável nos últimos 10 anos, atingindo seu pico na safra 2016/2017, quando ultrapassou 9 milhões de hectares plantados. Nesse cenário, Goiás se posiciona como o segundo maior estado produtor do Brasil, atrás de São Paulo. A produção canavieira aumentou 11,7% entre 2014 e 2024, chegando a 956 mil hectares plantados na última safra. Na safra 2023/2024, o volume processado de cana no estado cresceu 8,74% em relação a 2022/2023. Já a produção de açúcar em 2022/2023 foi 23% maior em comparação ao volume da safra anterior, atingindo 2,7 milhões de toneladas.

Na região de Quirinópolis, a área plantada apresentou um crescimento de aproximadamente 25% nos últimos 10 anos, chegando a 259 mil hectares em 2023/2024. Desse total, a cana-de-açúcar é a principal cultura, representando cerca de 70% (180 mil hectares), o que posiciona o município como o segundo maior produtor de cana do estado.

A produção canavieira cresceu 24% ao longo da última década, passando de 11,4 milhões de toneladas em 2013/2014 para 14,1 milhões de toneladas em 2023/2024. Isso indica que, além do aumento da área plantada, houve um incremento na produtividade.

Nesse aspecto, Quirinópolis registra índices superiores à média do estado e da microrregião. Apesar das oscilações nos últimos cinco anos, a produtividade local atingiu 85 toneladas por hectare na safra 2023/24, um crescimento de 15% em relação a 2021/2022, equiparando-se à média nacional na safra atual.

“A primeira parte do estudo posiciona a região de Quirinópolis como uma das líderes da cultura canavieira no Brasil. Esses dados são fundamentais para compreendermos por que, nos últimos anos – e especialmente na última safra –, houve uma defasagem tão acentuada nos valores pagos aos produtores e o motivo de muitos estarem migrando para outras culturas. A soja, por exemplo, vem ganhando espaço, com um aumento de 9% no market share da área plantada na última década. órgãos competentes, ações efetivas que permitam a continuidade da atividade agrícola”, conclui o presidente da ADEAGRO.