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Soja brasileira mira mercado de carnes vegetais e novas oportunidades de consumo

Soja e Brasil se tornaram quase sinônimos. Na última safra, o país reafirmou sua liderança como maior produtor mundial do grão, com cerca de 155 milhões de toneladas, superando Estados Unidos, com aproximadamente 113 milhões de toneladas, e Argentina, que produziu em torno de 50 milhões de toneladas. Os números foram confirmados por órgãos internacionais e nacionais, como FAOSTAT, USDA e Conab.

Photo: Disclosure/OPR Archive

Seguindo o seu legado de protagonista no campo brasileiro, a soja pode, agora, ganhar um papel renovado no prato do consumidor, e não apenas como óleo de cozinha. Um relatório recém-lançado pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil) aponta caminhos para que o grão se consolide como a base proteica de uma nova geração de alimentos análogos à carne, produtos vegetais que imitam sabor, textura e aparência de carnes tradicionais.

O documento é fruto de um fórum técnico que reuniu pesquisadores, produtores e representantes da indústria para debater como melhorar a qualidade e a competitividade da soja brasileira nesse mercado emergente. Baseado em escuta qualificada com especialistas de 12 instituições que possuem trabalho profundo com o grão, sendo sete da academia, três da indústria de ingredientes e dois da indústria de alimentos, foi possível elaborar diretrizes e mapear oportunidades de pesquisa nesse setor.

Photo: Danilo Estevao

Barreiras e oportunidades

Pesquisas de mercado mostram que o preço é o maior obstáculo para a popularização dos análogos cárneos. Em segundo lugar, consumidores apontam sabor e textura insatisfatórios e desconfiança em relação ao uso de soja ou transgênicos.

A solução, diante disso, não é negar os problemas, mas usá-los como um impulso: o relatório aponta que os responsáveis pela manufatura podem ampliar a oferta de infraestruturas locais de inovação e investir em pesquisa aplicada para que cientistas, por sua vez, possam criar caminhos tecnologicamente acessíveis para uma melhor experiência sensorial e eficiência produtiva.

Ciência e tecnologia no campo e na indústria

Nesse cenário, apesar da abundância da matéria-prima, grande parte dos ingredientes derivados de soja usados pela indústria de carnes vegetais no Brasil ainda é importada, a exemplo de proteínas isoladas e concentradas, que apresentam elevado desempenho funcional.

No entanto, em contraponto a isso, o relatório enxerga na farinha de soja desengordurada uma alternativa mais acessível e amplamente

Photo: Geraldo Bubniak

disponível no Brasil para a produção de ingredientes voltados ao mercado de carnes vegetais análogas. “Trata-se de um insumo versátil e com perfil nutricional relevante, rico em proteínas, fibras e minerais, além de apresentar menor nível de processamento e custo reduzido em relação aos concentrados e isolados proteicos de soja. Seu caráter mais integral, aliado ao potencial de utilização em produtos voltados para acessibilidade, valor nutricional e apelo clean label, faz dele uma opção de destaque para formulações em grande escala”, afirma Graziele Grossi Bovi Karatay, especialista em Ciência e Tecnologia do GFI Brasil.

O relatório também destaca a necessidade de criar cultivares com maior teor e qualidade de proteína, perfil nutricional aprimorado e menor presença de compostos antinutricionais, reforçando a necessidade de pesquisa em melhoramento genético, já no processamento, tecnologias como a fermentação aparece como uma estratégia para melhorar sabor e aroma de produtos.

Um novo e sustentável ciclo para a soja

Se bem planejadas e implementadas, essas ideias podem abrir um novo ciclo econômico para a soja brasileira, diversificando seu uso e ampliando seu valor agregado. Para agricultores, significa possibilidade de novos mercados; para a indústria, mais autonomia e competitividade; e para o consumidor, produtos mais saborosos, nutritivos e acessíveis. “Fortalecer o papel da soja nos análogos à carne é uma estratégia que une ciência, agronegócio e inovação para responder a demandas globais por proteínas mais sustentáveis, mantendo o Brasil na liderança, agora também no campo das alternativas vegetais”, ressalta a diretora de Engajamento Corporativo do GFI Brasil, Raquel Caselli.

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