Mesmo sem a divulgação do tradicional relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), suspenso em outubro devido à paralisação do governo americano, o mercado manteve as atenções voltadas às últimas atualizações de estoques e produção, fundamentais para as projeções da safra 2025/26. O relatório de outubro costuma consolidar os dados de fechamento da temporada 2024/25 de soja e milho, incorporando as informações do levantamento trimestral de estoques divulgado no fim de setembro. Esses números servem de base para os estoques iniciais da nova temporada e, portanto, têm peso direto nas estimativas de oferta e demanda globais.

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De acordo com o coordenador de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, Luiz Fernando Roque, a ausência do relatório não reduz sua importância estratégica. “Os estoques finais da safra passada se tornam os estoques iniciais da nova temporada, podendo trazer alterações importantes para os quadros da próxima safra”, explica.
O levantamento trimestral do USDA, publicado em 30 de setembro, mostrou estoques acima do esperado para o milho e levemente abaixo para a soja. No milho, os volumes somaram 1,532 bilhão de bushels, 15% acima da expectativa do mercado, o que deu ao relatório um tom baixista. Já na soja, os estoques foram de 316 milhões de bushels, cerca de 2% abaixo do previsto, com efeito neutro sobre as cotações. No caso do trigo, os estoques chegaram a 2,120 bilhões de bushels, 4% acima do esperado, o que trouxe leve pressão baixista.
O USDA também revisou as projeções de produção para as principais commodities. A produção de milho da safra 2024/25 foi elevada de

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14,867 para 14,892 bilhões de bushels, um acréscimo de 0,16%. No caso da soja, a estimativa passou de 4,366 para 4,374 bilhões de bushels, avanço de 0,18%. Já o trigo da temporada 2025/26 teve aumento mais expressivo, de 1,927 para 1,985 bilhão de bushels, o equivalente a 3%.
Embora os ajustes tenham sido pontuais, tanto milho quanto soja apresentam estoques inferiores aos do mesmo período do ano passado, cenário que já era esperado pelo mercado. As revisões reforçam a importância dos números consolidados que serão divulgados no próximo relatório do USDA, previsto para novembro, e que devem confirmar as tendências de oferta e demanda para o novo ciclo agrícola.