Nas próximas semanas, as negociações entre o governo brasileiro e aqueles países importadores que estão totalmente bloqueados para a carne de frango brasileira, ditarão muito a dimensão dos impactos negativos. O cenário tende a se agravar se surgirem novos casos, mas mesmo que fique restrito a somente este, acreditamos que as exportações irão ceder pelo menos no próximo mês.
Endereçamos nossas primeiras percepções sobre o caso de gripe aviária em granja comercial no Brasil no Radar Agro “Nota sobre o caso de gripe aviária no RS”, que divulgamos dia 20 de maio, disponível clicando aqui. Até o presente momento há mais de 20 países com embargo total à carne de frango do Brasil e alguns com bloqueios apenas ao Rio Grande do Sul. Entre os mais relevantes, China, União Europeia e Filipinas estão fechados para todo o país, enquanto os Emirados Árabes, Arábia Saudita e Japão restringiram somente o município de Montenegro (RS).
O tamanho do impacto nos preços domésticos e, consequentemente, nas margens do setor depende diretamente da extensão do embargo total. Na hipótese de não ocorrer novos casos, é possível que o país consiga negociar rapidamente a regionalização dos bloqueios, o que suavizaria a queda das exportações e, por consequência, reduziria o aumento da oferta no mercado interno. Ainda assim, não nos parece provável que tudo isso seja resolvido em menos de um mês, o que, caso ocorra, será um grande sucesso.
Com isso, acreditamos que as exportações em junho deverão enfraquecer razoavelmente em relação aos números observados até a terceira semana de maio e os preços locais tendem a perder sustentação. Pela conjuntura global de apenas quatro grandes exportadores de carne de frango (Brasil, Estados Unidos, União Europeia e Tailândia) e agora nenhum sem histórico da doença, é improvável que o Brasil sofra reduções expressivas e duradoras de demanda externa.