O mês de maio manteve a tradição de ser um período de preços mais fracos para o boi gordo, reflexo da oferta confortável no mercado interno. Segundo o Agro Mensal de junho da Consultoria Agro do Itaú BBA, mesmo com a queda nas cotações, as exportações brasileiras de carne bovina seguiram em ritmo forte e ajudaram a sustentar o mercado, com melhora significativa no spread de exportação.

Fotos: Divulgação/ArquivOPR
O indicador Cepea do boi gordo fechou maio com média de R$ 308,40 por arroba, queda de 4,9% no comparativo mensal. No entanto, o mercado iniciou junho em recuperação, com os preços subindo do piso de R$ 301/@, registrado em 25 de maio, para R$ 314/@ no dia 16 de junho. O movimento de alta também foi observado nos preços da carne bovina no atacado, refletindo maior firmeza na demanda externa.
O destaque ficou por conta das exportações, que em maio totalizaram 218 mil toneladas de carne bovina in natura, aumento de 2,9% em relação a maio de 2024, renovando o recorde para o mês. No acumulado do ano, os embarques cresceram 10,6% na comparação anual. Além do bom desempenho em volume, os preços de exportação subiram 3,4%, atingindo média de US$ 5.200 por tonelada, o maior valor desde novembro de 2022.
A China e os Estados Unidos, principais destinos da carne bovina brasileira, mantiveram um ritmo positivo de compras, contribuindo para a elevação dos preços internacionais. Quando considerados os preços de exportação em alta e o recuo de 3% do boi gordo em dólar em maio frente a abril, o spread de exportação alcançou 9%, bem acima dos 3% registrados no mês anterior.
No mercado de reposição, os preços do bezerro continuaram em trajetória de alta. Em maio, a valorização foi de 3,6%, com avanço também na parcial de junho. No Mato Grosso do Sul, a arroba já se aproxima de R$ 3 mil por cabeça.

Foto: Ana Maio
Por outro lado, os dados de abate mostram um cenário misto. Segundo informações do Serviço de Inspeção Federal (SIF), abril registrou queda no número de abates em relação ao mesmo mês de 2024, enquanto maio apresentou alta.
No Mato Grosso, dados do Indea e do Imea apontam continuidade no abate elevado de fêmeas, com crescimento de 3% frente a maio de 2024 e queda de 8% nos abates de machos, que recuaram pelo quarto mês seguido. Com isso, o total abatido no estado caiu 2% no comparativo anual.
Apesar do recuo de preços observado em maio, a combinação entre exportações aquecidas, melhora nos preços internacionais e recuperação da carne no atacado indica um cenário de sustentação para o mercado do boi gordo nas próximas semanas.