As exportações brasileiras de sebo bovino estão entre as mais vulneráveis ao novo pacote tarifário anunciado pelos Estados Unidos. De acordo com análise da Consultoria Agro Itaú BBA, cerca de 98% de todo o sebo exportado pelo Brasil tem como destino o mercado americano, o que torna o setor altamente dependente desse canal de escoamento. Caso a sobretaxa seja implementada, o impacto será direto: a queda nas exportações seria significativa, com potencial de paralisação quase total dos embarques.
Apesar de o Brasil ser o principal fornecedor de sebo bovino para os EUA, respondendo por 35% da pauta de importação americana, o país compete com outros exportadores, como Austrália e vizinhos da América do Sul, que também ofertam o produto e podem preencher parte da lacuna deixada pela retração brasileira.
Na avaliação do Itaú BBA, a restrição nas exportações deixaria mais sebo disponível para a indústria doméstica, o que poderia trazer efeitos secundários para setores como biodiesel e oleoquímica no Brasil. Ainda assim, a dependência do mercado americano e a concentração das vendas tornam o segmento extremamente sensível às mudanças tarifárias, em meio a um cenário comercial já instável e sujeito a reconfigurações rápidas.
A sinalização dos EUA, portanto, coloca em xeque um fluxo comercial altamente concentrado, que até agora vinha crescendo em ritmo acelerado e constante. O setor aguarda os desdobramentos das negociações entre os governos para entender se haverá espaço para exceções ou ajustes antes da entrada em vigor das novas alíquotas.