A temperatura, a ventilação e a ambiência são requisitos chave para melhorar a eficiência das aves. Os médicos veterinários Cassius Alexandre Ramos e Gabriela Pereira palestraram sobre os temas no painel de manejo, na última quinta-feira (9), durante o 25º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), realizado no Centro de Eventos, em Chapecó (SC).

Médico veterinário Cassius Alexandre Ramos: “Espero que nosso setor leve em consideração fortemente o tema ambiência, para que ele seja reconhecido realmente como um forte pilar dentro da cadeia produtiva” – Foto: Suellen Santin
A cadeia produtiva está cada vez mais focada em performance e eficiência, nesse sentido o uso de estratégias no controle de temperatura das instalações é primordial para obter um bom desempenho nas granjas.
De acordo com Cassius, o isolamento, mais do que nunca, é um ponto crucial no projeto de climatização de um aviário. Ele citou os circuladores como uma importante solução, já amplamente utilizada nos Estados Unidos e que nos últimos anos também ganhou espaço no Brasil.
O uso de isolantes térmicos contribui para um ambiente mais estável e controlado para as aves, ajuda a diminuir a transferência de calor entre os ambientes e reduzir o impacto dos fatores externos que podem afetar o controle do ambiente.
No quesito circuladores, as grandes vantagens estão em tornar o ambiente mais uniforme e confortável, reduzir o consumo de energia no aquecimento, aumentar o ganho na performance dos lotes, reduzir a pegada de carbono e, ainda, aliar sustentabilidade com eficiência.
“Espero que nosso setor leve em consideração fortemente o tema ambiência, para que ele seja reconhecido realmente como um forte pilar dentro da cadeia produtiva. Vale a pena investir nessas soluções. Respeitando o tripé dimensionamento, instalação e operação corretos a performance voa”, finalizou.
Ventilação e ambiência
Gabriela discutiu sobre os impactos da ventilação e ambiência na produção de frangos de corte. Na opinião da especialista, ao falar de ambiência é preciso discutir também sobre os efeitos do aumento da temperatura global. “Não podemos continuar manejando da mesma forma os aviários, temos que considerar todas as transformações que estão acontecendo no clima para tomar decisões sobre climatização e ambiência”, alertou.
Ao orientar sobre um caminho técnico a ser seguido para alcançar bons resultados no aviário, ela citou tópicos que impactam diretamente na produtividade. Os mais importantes são o aquecimento da cama, a ventilação mínima e o manejo de fase final.
A temperatura da cama influencia diretamente no desempenho zootécnico. O ideal é fazer sempre um pré-aquecimento de 24h a 48 horas. Lembrando que para aves jovens, a temperatura da cama é mais importante do que a temperatura do ar.
A ventilação mínima também vai interferir no processo de conforto térmico das aves. Para controlar a temperatura, é preciso haver uma troca mínima de volume de ar. Exaustores temporizados e inlets serão ferramentas importantes nesse processo, para assegurar a qualidade do ar, eliminar o excesso de umidade, regularizar o nível de oxigênio e de gás carbônico.
Já a fase final demanda atenção com o manejo noturno. “Aqui temos duas questões: ventilação e horas de escuro. Se fizermos uma ventilação baixa de noite, as aves terão problema na perda de calor. Aves sentadas por longos períodos na fase final aumentam a temperatura corpórea e a chance de stress térmico, mesmo que a temperatura do galpão seja menor. Às vezes perdemos eficiência de um lote todo ali, por isso essa etapa exige bastante cuidado”.
A médica veterinária afirma que é preciso considerar as especificidades de cada região, de cada aviário, para tomar decisões assertivas de ambiência. “Devemos medir e analisar para comprovar o que realmente está acontecendo dentro do aviário. O objetivo principal é alcançar eficiência zootécnica, mas claro que também temos uma visão macro, pensando em todo o impacto ambiental que essas medidas causarão na redução da pegada de carbono e na busca por práticas mais sustentáveis”, ressaltou.