O mercado de trigo brasileiro manteve a pressão sobre os preços entre setembro e o início de outubro, refletindo o avanço da colheita nacional, a ampla oferta internacional e a postura cautelosa dos moinhos. No Paraná, a saca de 60 kg encerrou setembro a R$ 70,39, recuo de 7% em relação a agosto, e continuou caindo em outubro, chegando a R$ 64,56 na primeira quinzena do mês.
O movimento de baixa é explicado pelo ritmo acelerado da colheita, especialmente em São Paulo e no Paraná, aliado ao estoque confortável dos moinhos, que têm comprado trigo nacional de forma moderada.

Foto: Jaelson Lucas
Apesar do avanço da colheita, as importações continuam consistentes. Em setembro, o Brasil trouxe 569 mil toneladas de trigo, sendo 87% da Argentina e 7% do Paraguai. A suspensão temporária das retenciones argentinas entre os dias 22 e 24 de setembro ainda incentivou a entrada do produto estrangeiro no país.
No cenário internacional, os preços do trigo também apresentaram viés de baixa. O Soft Red Winter em Chicago encerrou setembro a 514,64 centavos de dólar por bushel, queda de 9,9% na comparação anual, enquanto o Hard Red Winter registrou baixa de 13,4% frente a setembro de 2024. Em outubro, as cotações continuaram recuando, atingindo os menores patamares desde 2020, com negociações a 498,50 centavos de dólar por bushel no dia 10.
O cenário indica que, apesar da oferta abundante e das importações, o mercado deve permanecer pressionado nos próximos meses, com os moinhos mantendo postura conservadora e os produtores atentos à volatilidade internacional.