A tendência para os preços do boi gordo no Brasil segue positiva, amparada por um mercado externo aquecido e uma oferta controlada de animais para abate. Segundo análise da Consultoria Agro do Itaú BBA, publicada no Agro Mensal de junho, o cenário para o segundo semestre de 2025 combina demanda firme das exportações, pastagens em bom estado devido ao regime de chuvas mais prolongado e custos de alimentação em baixa, o que tem favorecido as margens dos confinadores.

Foto: Alf Ribeiro
Com os embarques internacionais de carne bovina em ritmo forte — superiores aos volumes do mesmo período do ano passado — e os preços médios de exportação em alta, a indústria encontra espaço para repassar os valores pagos pela arroba, sem comprometer o spread. Essa conjuntura tem permitido sustentação e até leve valorização do boi gordo, mesmo diante da oferta ainda relativamente elevada.
A expectativa para os próximos meses é de um período curto de desova de animais, sem grandes pressões sobre o mercado. A boa condição das pastagens, resultado do perfil climático mais úmido e alongado, deve postergar o descarte de parte dos animais terminados a pasto. Além disso, a oferta de fêmeas tende a se moderar, ajudando a equilibrar ainda mais o volume disponível para abate.
Para os confinamentos, o cenário também é favorável. Com o milho cotado em patamares mais baixos, os custos de produção caíram, melhorando a rentabilidade da atividade. Além disso, a curva futura do boi gordo apresenta carrego positivo, oferecendo boas oportunidades de hedge, especialmente para entregas previstas no último trimestre do ano.
No entanto, o mercado doméstico segue como um ponto de atenção. A oferta excessiva de carne de frango tem pressionado os preços da proteína concorrente, aumentando a competitividade

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
frente à carcaça bovina e limitando repasses de preços no varejo nacional.
O mercado de reposição também reflete essa firmeza do boi gordo. Os preços do bezerro continuam em trajetória de valorização, reduzindo o espaço para melhora da relação de troca para o pecuarista terminador.
Com fundamentos sólidos tanto no front externo quanto na atividade de engorda, o mercado do boi gordo segue com boas perspectivas, especialmente no segundo semestre, desde que o consumo interno não seja um limitador mais severo.