A safra de soja 2025/2026 deve enfrentar um início de plantio marcado por desafios climáticos importantes. Segundo análises da AtmosMarine, as condições previstas para novembro e dezembro indicam chuvas irregulares, temperaturas acima da média e impactos diretos sobre o desenvolvimento inicial das lavouras, fatores decisivos para a produtividade final da oleaginosa.

Foto: José Fernando Ogura
A demanda hídrica total da soja, que varia entre 450 mm e 800 mm ao longo do ciclo, precisa ser distribuída de forma adequada entre as fases vegetativas e reprodutivas. Quando isso não ocorre, o efeito aparece diretamente no rendimento. A safra 2023/2024 é um exemplo recente: atraso na regularização das chuvas no Centro-Oeste e Matopiba, estiagens prolongadas e excesso de precipitação no Sul provocaram reduções significativas no desempenho das lavouras.
A fase de enchimento de grãos, uma das mais sensíveis ao estresse hídrico e térmico, preocupa. Déficits de água reduzem o tamanho dos grãos e comprometem o peso final, enquanto temperaturas extremas (abaixo de 10°C ou acima de 40°C) impactam floração, formação de vagens e estrutura reprodutiva. “Quando a temperatura média ultrapassa a faixa ideal de 20°C a 30°C, a soja entra em um nível de estresse que pode reduzir a produtividade mesmo em períodos curtos de calor intenso”, explica a meteorologista Gabryele de Carvalho.
Além da água e da temperatura, a soja também responde ao fotoperíodo. Como planta de dias curtos, sua floração é induzida pela redução do tempo de luz diária, fator que determina a adaptação de cada cultivar às diferentes regiões brasileiras.
Regiões produtoras e previsões
As principais regiões produtoras do país, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e a área do Matopiba, terão

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR
cenários distintos ao longo de novembro e dezembro. Em Mato Grosso, a previsão indica chuvas irregulares em novembro, com volumes acima da média no norte e abaixo no sul, enquanto dezembro deve apresentar precipitações superiores ao esperado. As temperaturas permanecem elevadas nos dois meses, com média para o período de 29°C. Em Goiás, o fim de novembro e o mês de dezembro devem registrar chuvas acima da média, acompanhadas de temperaturas igualmente elevadas.
Já o Mato Grosso do Sul terá um comportamento irregular das chuvas em novembro, acima da média no leste e abaixo no oeste, mas dezembro deve trazer acumulados superiores em todo o estado, com médias térmicas próximas de 28°C. No Sul do país, Paraná e Rio Grande do Sul devem enfrentar um período mais seco, com chuvas abaixo da média tanto em novembro quanto em dezembro, além de temperaturas acima do normal, chegando a médias próximas de 21°C.
O padrão de La Niña deve permanecer em dezembro, mas em intensidade fraca, o que reduz a probabilidade de impactos significativos no regime de chuvas.
Safra deve exigir atenção redobrada
O conjunto de variáveis (irregularidade das chuvas, temperaturas elevadas e necessidade de ajustes no calendário de plantio) reforça a importância de acompanhar as atualizações meteorológicas de forma contínua. “Os produtores precisam estar atentos ao comportamento do clima ao longo das próximas semanas, pois pequenas mudanças no início do ciclo podem ter impacto significativo no rendimento final”, pontua a meteorologista.
