O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Sergipe encerra 2025 com o montante de R$ 5.611,65 milhões, conforme dados consolidados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O resultado representa um avanço nominal de 6,44% em relação aos R$ 5.272 milhões registrados em 2024. O desempenho estadual acompanha a tendência de crescimento do campo brasileiro, que atingiu um faturamento total de R$ 1,412 trilhão no mesmo período.
Apesar da evolução absoluta de R$ 339,6 milhões no último ano, a participação relativa de Sergipe no cenário federal permanece estável em 0,40%. Esse índice evidencia que, embora o agronegócio sergipano esteja em expansão, ele mantém uma escala proporcionalmente inferior aos grandes polos produtores, como Mato Grosso (R$ 220,4 bilhões) e Minas Gerais (R$ 168,1 bilhões), que lideram o ranking nacional.
Predomínio da Proteína Animal
A estrutura produtiva de Sergipe em 2025 é majoritariamente sustentada pela Pecuária, que responde por 59% do VBP total (R$ 3.339 milhões). As Lavouras completam os 41% restantes, com faturamento de R$ 2.273 milhões.
No ranking das cinco principais atividades do estado, o destaque absoluto pertence aos Bovinos, que geraram R$ 1.854,4 milhões. O setor de Leite aparece em terceiro lugar, com R$ 1.253,7 milhões, consolidando a importância da cadeia pecuária para a economia local. A produção de Ovos também figura entre as principais fontes de renda, somando R$ 230,8 milhões. Em contrapartida, atividades como Frangos e Suínos não aparecem com volumes expressivos na pauta principal de Sergipe, indicando uma especialização em gado de corte e leiteiro em detrimento de outras proteínas animais.
O Milho é o principal expoente agrícola de Sergipe, ocupando a segunda posição no ranking geral com R$ 1.316,5 milhões. Na comparação entre os ciclos de 2024 e 2025, observa-se o seguinte comportamento nas principais culturas:
Laranja: Consolida-se como a quarta maior força (R$ 458,6 milhões).
Cana-de-açúcar: Mantém relevância estratégica com faturamento de R$ 314,4 milhões.
Mandioca: Registra R$ 108,5 milhões, mantendo-se como cultura de base regional.
Evolução
O gráfico de série histórica revela que o VBP de Sergipe mais que dobrou em sete anos. Em 2018, o faturamento era de R$ 2.167 milhões, saltando para os atuais R$ 5.612 milhões. Esse crescimento de 158,9% no período indica uma valorização consistente da produção, embora o avanço seja em grande parte nominal, influenciado pela correção de preços e demanda de mercado.
Comparativamente, o desempenho de Sergipe reflete a dinâmica nacional: o estado cresce quando o Brasil cresce, mas sem alterar sua importância proporcional no índice do Mapa. O descolamento entre a realidade sergipana e a nacional é visível na ausência da soja e do trigo — pilares das exportações brasileiras — e na forte dependência do milho e da pecuária extensiva.
Desafios Estruturais
A análise dos dados do Mapa indica que o agronegócio de Sergipe enfrenta um desafio de verticalização. A concentração de quase 60% do valor da produção em bovinos e leite demonstra uma especialização que, embora sólida, limita a diversificação de riscos.
A trajetória ascendente do VBP desde 2018 prova a capacidade de expansão do setor, mas a estabilidade na fatia de 0,4% do VBP nacional sugere que o estado cresce dentro de seus limites geográficos e tecnológicos atuais. A ausência de grandes complexos de grãos (exceto o milho) e de cadeias integradas de aves e suínos reforça o perfil de Sergipe como um produtor focado em demandas regionais e cadeias de proteínas tradicionais.
