Três mulheres, três trajetórias, um mesmo chão. No coração do Brasil, onde o campo pulsa com vida e esperança, Elaine, Bruna e Mariana representam histórias que se complementam e caminhos que se entrelaçam pelo amor à terra. No Dia da Mulher Rural, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) celebra suas histórias de coragem, resiliência e dedicação. Mulheres que transformam o agro mato-grossense com sensibilidade e força.
Elaine Terezinha Corassa Botton chegou ao Mato Grosso com o coração cheio de sonhos e a bagagem carregada de coragem. Vinda do interior do Rio Grande do Sul, no ano de 1994, enfrentou o desconhecido em busca de uma nova vida em Jaciara. O início foi marcado por desafios: clima diferente, solo exigente, distância da família. Mas a vontade de fazer dar certo era maior. Em 2006, mudaram-se para Lucas do Rio Verde e, com trabalho duro, noites mal dormidas e fé no futuro, ela ajudou a erguer o que hoje é uma propriedade produtiva e cheia de história.
“Tivemos várias dificuldades. A primeira delas, como mulher, foi estar distante da família. Lá no Sul, morávamos muito próximos, e o primeiro choque de realidade foi esse: o isolamento. Fui aprendendo a dirigir e comecei a me virar no comércio também. Aos poucos, conforme a lavoura foi crescendo, surgiu a necessidade de pagar boletos, fazer serviços no comércio e buscar peças em Rondonópolis. A distância era grande, o trânsito era puxado, e foi assim que comecei a participar mais da parte da fazenda da porteira para fora”, relata Elaine.
Aos 55 anos, ela conta com orgulho o que enfrentou com o marido e os filhos, a satisfação de fazer o que ama e reflete sobre o papel da mulher no campo. “Com certeza, tenho orgulho de ser mulher rural, porque faço o que gosto e penso que, como mulher, temos que ter coragem, dedicação, perseverança e acreditar. Hoje, a mulher tem um papel muito importante. Se ela quiser participar, pode participar, inclusive de forma decisiva. Ajuda muito, porque o homem precisa de apoio também. Ela não precisa deixar de ser feminina para participar da atividade no agro”, conclui a produtora.
Assim como Elaine, Bruna Soares Alves dos Santos aprendeu sobre o campo no campo. Antes de se mudar para o município de Sorriso e acompanhar o marido nos negócios, vivia na cidade e não conhecia nada sobre agricultura. Com vontade de aprender mais, começou fazendo a contagem dos romaneios das cargas, controle de óleo diesel, ajudava na cantina, cuidava da casa e, com o tempo, aprendeu mais sobre administração, descobrindo que o cuidado com a lavoura exigia dela o mesmo zelo que já tinha ao cuidar da família.
“Com duas crianças pequenas, em um mundo desconhecido, eu não entendia os cuidados que a lavoura exigia e fui aprendendo que é como cuidar da família: exige dedicação e atenção constante. Hoje, depois de tantos anos, aprendi e desenvolvi esse amor pela produção. A Aprosoja MT também tem dado grande força aos produtores e espaço para nós, mulheres, o que é muito importante”, conta a produtora.
Hoje, com 35 anos, ela reforça o orgulho que tem em ser produtora rural. “O que me dá mais orgulho é saber que produzimos muito mais do que alimento. Produzimos vidas. Porque toda produção está presente em todos os aspectos da vida humana, desde medicamentos, alimentos na mesa e até o vestuário. Saber que, em qualquer lugar do mundo que a gente vá, lá estará a marca do produtor rural e das produtoras também”, declara Bruna.
Mariana do Valle Brizola Tomazoni, 36 anos, é natural de Goiás e sempre teve contato com a natureza, mas foi em 2008, quando veio para o Mato Grosso, que começou a praticar a agricultura. Para ela, planejar e ver a concretização do seu trabalho é o que a inspira.
“O maior orgulho é colher os frutos. Tudo vem de um planejamento. Você planeja desde a compra, o fechamento do pacote, a variedade e o manejo. Depois planta, acompanha o desenvolvimento e vê os resultados. A gente passa por desafios climáticos, e às vezes os preços não ajudam muito. Mas nós, como brasileiros, não desistimos nunca. Temos gratidão de um ano para o outro, isso me impulsiona a querer continuar nesse ramo”, detalha a produtora.
Para ela, ser uma mulher rural é aquela que gostar de cuidar dos detalhes que fazem toda a diferença no final de cada safra.
“Já passou a época em que diziam que mulher não podia estar no campo. Que o lugar da mulher é em casa ou em um escritório. É muito gratificante participar da terra. Hoje vemos tantas mulheres em todas as áreas da agricultura. O lugar da mulher é onde ela se sentir bem, onde ela gostar do que está fazendo. Para quem quer começar, eu digo: na agricultura, você tem que gostar do que está fazendo, porque não é um serviço fácil. Você enfrenta sol, chuva e calor. Então, basta querer e gostar disso”, finaliza Mariana.
Com orgulho e admiração, celebramos neste Dia da Mulher Rural todas aquelas que cultivam mais do que alimentos: cultivam histórias, valores e o futuro do nosso país.