As primeiras projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para 2026 desenham um cenário de estabilidade na produção mundial de carne suína e abrem espaço para o Brasil ampliar sua presença no mercado internacional. Enquanto grandes produtores globais caminham sem grandes avanços, a expectativa é de que a demanda externa sustente o crescimento das exportações brasileiras.
De acordo com o USDA, a produção global deve se manter praticamente estável no próximo ano. A China e os Estados Unidos, que ocupam a primeira e a terceira posição no ranking mundial, não devem registrar variações relevantes. Já a União Europeia segue em trajetória de queda, com recuo estimado em 1,2%, reflexo de desafios estruturais que vêm reduzindo a competitividade do bloco.

No comércio internacional, a perda de espaço europeu tende a ficar ainda mais evidente. A União Europeia, historicamente um dos maiores exportadores, deve reduzir suas vendas externas em 7,4%. Entre os quatro principais exportadores globais, União Europeia, Estados Unidos, Brasil e Canadá, o Brasil aparece como o país com maior potencial de crescimento, com avanço projetado de 3,8% nas exportações.
A produção brasileira também deve crescer, ainda que em ritmo mais moderado. Para 2026, o USDA projeta aumento de 1,3%, após uma expansão mais forte estimada para 2025. Mesmo assim, o volume adicional reforça a capacidade do país de atender a novos mercados em um momento de reorganização da oferta global.
Do lado da demanda, o destaque fica para o Sudeste Asiático. As importações chinesas devem apresentar leve recuo de 1,2%, mas outros mercados seguem em expansão. As Filipinas aparecem como o principal motor desse movimento, com crescimento projetado de 7,1% nas compras externas. Com isso, o país deve ultrapassar a Coreia do Sul e se tornar o quarto maior importador mundial de carne suína, atrás apenas de México, Japão e China. A previsão é de importações em torno de 750 mil toneladas, volume 50 mil toneladas superior ao de 2025.
Esse cenário internacional cria condições favoráveis para o Brasil, que vem ampliando sua produção e fortalecendo sua competitividade nas exportações. As margens do setor seguem atrativas e estimulam novos investimentos, especialmente se os custos de ração continuarem sob controle, como indicam as projeções atuais.
No curto prazo, o mercado interno pode sentir alguma pressão nos preços do atacado após a virada do ano. Ainda assim, a distância entre os preços praticados e os custos de produção aponta para a manutenção de margens saudáveis, garantindo sustentação ao ritmo de crescimento da suinocultura brasileira ao longo de 2026.
