As margens de esmagamento de soja nos Estados Unidos se mantêm atrativas, impulsionadas pela queda do preço da oleaginosa e pelo menor custo de originação. De acordo com análise do Itaú BBA Agro, esse cenário favorece o processamento do grão, especialmente diante da retração das compras chinesas, que reduziu os basis – diferença entre o preço local e o preço da commodity negociada em bolsa. Além disso, a valorização do óleo de soja na CBOT, impulsionada pela expectativa de aumento dos mandatórios de biocombustíveis, reforça o cenário positivo para as indústrias norte-americanas.
No Brasil, o panorama é mais desafiador. O custo mais elevado da soja e a pressão sobre os preços do farelo reduzem as margens de esmagamento, tornando a atividade menos lucrativa. “Muitas indústrias relatam dificuldades para manter o processamento em níveis rentáveis, o que pode levar a paralisações antecipadas caso não haja melhora nos preços”, aponta o levantamento. O óleo de soja ainda conta com apoio da demanda interna, com o avanço do B15, mas o farelo depende da performance das exportações para não sofrer maiores quedas.

Foto: Gilson Abreu
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) revisou para cima a projeção de esmagamento de soja no Brasil para 2025, estimando 57,8 milhões de toneladas – alta de 0,5% em relação à previsão anterior e 3,6% superior ao processamento de 2024, que somou 55,8 milhões de toneladas. A revisão reflete, em grande parte, a entrada em vigor do B15, que eleva a mistura obrigatória de biodiesel na gasolina de 14% para 15%.
Na China, as margens de esmagamento permanecem em níveis positivos, com o país comprando majoritariamente soja brasileira, mas também aumentando aquisições da Argentina para suprir a demanda diante da ausência de negócios com os EUA. O cenário global sugere que o incentivo ao esmagamento nos EUA deve se manter, enquanto no Brasil o desafio será equilibrar custos mais altos e preços pressionados do farelo para manter a atividade sustentável.