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Sobretaxa de Trump paralisa exportação de 58 contêineres de pescados em portos do Brasil

O anúncio do presidente norte-americano Donald Trump, na última terça-feira (09), de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, já causa efeitos práticos e preocupantes em setores estratégicos da economia nacional. Entre os mais afetados está a indústria brasileira de pescados, que viu embarques serem suspensos e contêineres retidos em portos após a medida.

Foto: Rodrigo Félix Leal

De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria de Pescados (Abipesca), ao menos 58 contêineres, carregando cerca de mil toneladas de pescados, estão parados em portos de Salvador (BA), Pecém (CE) e Suape (PE), após importadores norte-americanos recuarem diante da incerteza sobre os custos adicionais da nova tarifa.

A decisão de Trump, que passa a valer em 1º de agosto, afetará diretamente as exportações para o principal destino dos pescados brasileiros: os Estados Unidos concentram entre 70% e 80% das vendas externas do setor, movimentando anualmente mais de US$ 240 milhões.

Segundo a Abipesca, a medida compromete toda a cadeia produtiva, desde grandes frigoríficos até pescadores artesanais e produtores familiares de aquicultura, gerando um clima de “desespero no setor”.

Rota travada
Com um tempo médio de transporte marítimo de 18 a 20 dias, os embarques aos EUA foram praticamente interrompidos após o anúncio da sobretaxa. Exportadores e importadores aguardam um reposicionamento de preços e, sobretudo, uma definição sobre os efeitos reais da medida.

Fotos: Claudio Neves

A entidade classifica a tarifa como “extremamente nociva” e cobra uma atuação cautelosa e diplomática do governo brasileiro, evitando retaliações precipitadas que possam agravar o conflito comercial. A Abipesca também voltou a defender a urgente diversificação de mercados, especialmente com a abertura do mercado europeu, como forma de reduzir a dependência dos Estados Unidos. “Temos alertado para a lentidão dessas tratativas com a Europa. Momentos como este demonstram o risco de concentrar exportações em um único parceiro comercial”, afirmou o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo, em nota oficial.

Tarifa unilateral
A nova tarifa foi aplicada com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, que permite ao governo norte-americano investigar práticas comerciais consideradas injustas e aplicar sanções de forma unilateral. O argumento de Trump envolve críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), decisões contra plataformas digitais dos EUA no Brasil e condenações judiciais ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

No entanto, dados oficiais contradizem a alegação de prejuízo econômico aos EUA: desde 2009, os norte-americanos têm superávit na balança comercial com o Brasil, e em 2024 o país exportou cerca de US$ 40,4 bilhões para os EUA, o equivalente a 12% de todas as vendas externas brasileiras.

Repercussão e incertezas
A medida afeta não só a indústria de pescados, mas também setores como siderurgia, manufaturas e o agronegócio em geral. Economistas alertam que tarifas de 50% tornam os produtos brasileiros praticamente inviáveis no mercado norte-americano, e que a medida pode ter motivações mais políticas do que comerciais.

Diante do impasse, o setor pesqueiro brasileiro aguarda com apreensão os próximos passos do governo federal. A Abipesca, por sua vez, reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável da atividade e reforça o apelo por soluções diplomáticas e econômicas que preservem a competitividade do setor e milhares de empregos em risco.

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