A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgou os resultados das exportações do agronegócio em outubro, que somaram US$ 15,49 bilhões, o maior valor já registrado para o mês. O desempenho representa alta de 3,6% em relação a setembro e avanço de 8,6% na comparação anual.
Complexo soja segue liderando o crescimento
O destaque novamente foi o complexo soja. O Brasil exportou 6,7 milhões de toneladas do grão, volume 43% superior ao de outubro de 2024 e o maior já embarcado no período. Os preços permaneceram estáveis, em US$ 429,4 por tonelada.
No acumulado de janeiro a outubro, os embarques alcançam 100,5 milhões de toneladas, superando todo o volume exportado em 2024.
O farelo de soja registrou queda de 5,5% nos embarques, totalizando 2,2 milhões de toneladas, com preço médio de US$ 326,9 toneladas, recuo de 18% na comparação anual. Já as exportações de óleo de soja caíram 14%, com 89 mil toneladas, apesar do preço ter avançado 17%, para US$ 1.135,9 toneladas.
Carnes mantêm ritmo positivo

Photos: Claudio Neves
A carne bovina in natura bateu novo recorde, com 321 mil toneladas embarcadas, alta de 19% frente a outubro de 2024. Mesmo com o recuo de 1,4% em relação a setembro, os preços seguem elevados, em US$ 5.538,9 toneladas, 19% acima do ano passado.
A carne de frango in natura teve o maior volume exportado de 2025: 425 mil toneladas, aumento de 7,4% na comparação anual. O preço médio caiu para US$ 1.804,1 toneladas, retração de 8%.
A carne suína in natura somou 126 mil toneladas, 8% acima de outubro de 2024, mesmo com queda de 6,3% em relação a setembro. O preço médio ficou em US$ 2.550,2 toneladas.
Sucroenergético oscila
As exportações de etanol recuaram fortemente: 51% de queda frente ao ano anterior, para 103 mil m³, enquanto o preço subiu 8,3% (US$ 581,8/m³).
O açúcar VHP subiu 6,8% em volume, com 3,6 milhões de toneladas exportadas, mas os preços recuaram 17%. Já o açúcar refinado aumentou expressivos 71%, com 596,2 mil toneladas embarcadas, embora o preço tenha caído 16%.
Milho encerra o mês em alta
Os embarques de milho chegaram a 6,5 milhões de toneladas, crescimento de 1,5% sobre outubro de 2024. Os preços médios subiram 6,1%, para US$ 206,8 toneladas.
Impactos das tarifas dos Estados Unidos
As exportações totais do Brasil para os Estados Unidos sofreram forte retração em outubro, reflexo direto do tarifaço imposto pelo país. A receita caiu 38% na comparação anual, somando US$ 2,2 bilhões, e recuou outros 15% frente a setembro.
No agronegócio, os embarques para o mercado americano somaram US$ 672 milhões, o que representa apenas 31% do total exportado aos EUA. O setor registrou queda de 34% na receita ante outubro de 2024. Em relação a setembro, houve leve alta puxada por suco de laranja, café, carne bovina e madeira.
Produtos mais afetados
Nos últimos três meses, período que melhor reflete os impactos tarifários, praticamente todos os principais produtos do agronegócio brasileiro registraram queda nas vendas para os Estados Unidos.
As exceções foram: mangas, que tiveram aumento no volume exportado e suco de laranja e celulose, que seguem isentos da tarifa de 40%.
Produtos como carne bovina e café conseguiram redirecionar parte da produção para outros destinos, mas a dependência do mercado americano ainda pesa, já que nem todos os itens têm grande flexibilidade comercial.
O governo dos EUA deu sinais de que poderá anunciar ajustes tarifários para café, banana e outras frutas nos próximos dias, mas ainda não há confirmação se o Brasil será contemplado.
