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Gestão de caixa e isenção de IR levam produtor de MT ao mercado financeiro

Responsáveis por 32% da produção brasileira de grãos na safra 2024/25, os mais de 100 mil produtores rurais de Mato Grosso operam majoritariamente (93,5%) como pessoas físicas. Esse perfil contábil tem fomentado o setor para uma gestão financeira mais sofisticada: investimentos de Renda Fixa atrelados ao agronegócio. Além de rentabilizar o caixa da fazenda, as opções ampliam os ganhos devido à isenção de imposto de renda (IR) permitida pela legislação vigente para pessoas físicas.

Celso Junqueira, pecuarista de Cuiabá, é um exemplo. Ele administra uma propriedade com 4 mil cabeças de gado em Brasnorte e há cerca de cinco meses começou a investir no mercado financeiro. Com o rebanho totalmente apto à exportação, ele abate animais com frequência mensal, mas não aproveitava o fluxo de caixa contínuo para rentabilizar seu patrimônio. “Agora, consigo remunerar meu capital de giro, que ficava parado no banco”, explica.

A decisão de Celso reflete uma tendência de mercado. Um exemplo é a demanda por Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), cujo estoque no mercado nacional chegou a R$ 608,13 bilhões em setembro de 2025, conforme aferiu o Boletim de Finanças do Agro, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Esse volume significa um crescimento de 23% em 12 meses.

Para Gilvania Rufino, líder da XP em Mato Grosso, esse crescimento reflete a busca do produtor por proteção de patrimônio e mais liquidez. “O mercado oferece opções isentas de IR que fazem muita diferença no resultado final para quem não opera como empresa. O que observamos é o produtor deixando de ser apenas um especialista da porteira para dentro e passando a olhar para o dinheiro com visão empresarial. Além da isenção, esses recursos captados retornam ao setor, financiando a própria cadeia produtiva”, analisa a executiva.

A lógica por trás dessa migração de investimentos é a busca por ganho real, acima da inflação. Em um cenário econômico desafiador, com taxa de juros em 15% ao ano, manter recursos em aplicações tradicionais, como a poupança, pode significar perda de poder de compra ao longo do tempo. Instrumentos de crédito privado com isenção fiscal, por sua vez, tendem a oferecer taxas mais competitivas, permitindo que o produtor preserve o valor de venda da safra até o momento da utilização dos recursos.

Para Celso Junqueira, essa organização financeira foi fundamental em momentos de volatilidade, como durante a taxação da carne bovina brasileira pelos Estados Unidos. A gestão ativa do caixa permitiu amortecer impactos de oscilações de preço. “Apesar de ter sentido uma queda de R$ 10 a R$ 15 por arroba, não fui prejudicado, porque já estava garantindo mais rentabilidade com as operações”, pontua o produtor.

Original de Uberlândia (MG), o pecuarista chegou a Mato Grosso em 2001 e quando assumiu a gestão da fazenda parou de operar com ações na bolsa. “Resolvi me dedicar totalmente à fazenda. Mas, com a abertura do escritório da XP em Cuiabá, voltei a me aproximar do mercado financeiro”, lembrou.

Gilvania Rufino explica que a abordagem da XP para o agro é de 360 graus. “Mesmo que ele atue como pessoa física, a fazenda é um grande empreendimento e precisa ter previsibilidade e visão empresarial”, observa. Ela explica que é possível estruturar o crédito ao empresário rural de forma mais eficiente, antecipando a compra de insumos, por exemplo, ou fixando preços (hedge) em momentos de volatilidade.

A consolidação desse modelo de atendimento próximo é uma das estratégias da companhia, que inaugurou sede física em Cuiabá em maio deste ano. O objetivo é dar suporte aos mais de 100 mil produtores do estado que, segundo o Imea, sustentam a liderança de Mato Grosso no Valor Bruto da Produção Agropecuária nacional.

Liderança

O perfil “pessoa física” não impede Mato Grosso de liderar o ranking nacional do Valor Bruto da Produção Agropecuária, aferido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Em 2024, a participação de Mato Grosso variou de 28% a 30% sobre o total. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que, na safra atual, Mato Grosso produzirá aproximadamente 111,9 milhões de toneladas de grãos, o equivalente a 32% da safra prevista de 350,2 milhões de toneladas.

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